Um armador tinha muito orgulho no seu barco e na sua equipa de pescadores. Era um dos maiores armadores da Figueira da Foz. Tinha uma equipa de 7 homens que todos os dias, no final do dia, iam para o mar e com sorte ou com técnica, traziam sempre o peixe suficiente para garantir uma vida folgada, ainda que de muito trabalho.
Um dia, o armador não apareceu, porque morreu. A sua morte surgiu enquanto descansava na sua cama.
Quando os pescadores souberam, ficaram desesperados. Não se viam sem o mestre; era ele quem tomava as decisões e quem os orientava.
Não se sentiam capazes de trabalhar sem o mestre.
O filho do armador tinha acabado o seu curso de gestão na Universidade do Porto. Regressado a casa, viu-se confrontado, assim como a mãe, com um grupo de pescadores desorientados e que não queriam ir para o mar sem o mestre.
A mãe, desesperada, pediu ao filho que os acompanhasse na pescaria. O filho recusou-se, porque de pesca nada percebia. Mas a mãe insistiu. E falou, aos pescadores, na possibilidade do filho os acompanhar. Eles ficaram felizes.
No final da tarde, todos esperavam o Arnaldo (filho do armador). Quando ele chegou, todos o olharam e questionaram:
– E agora patrão? O que fazemos?
– Se estivesse aqui o meu pai o que vos diria? (perguntou o Arnaldo)
Os pescadores identificaram todas as tarefas que estão na origem da partida do barco, tal com faziam sempre com o pai de Arnaldo. Depois de os ouvir, este disse:
– Então, é isso mesmo que vamos fazer!
E repetiu, uma a uma, todas as tarefas que eles tinham identificado de uma forma precisa, clara e emotiva.
A equipa, começou a fazer os preparativos para a partida, e fizeram-se ao mar.
Já em alto mar, a equipa voltou a dirigir-se-lhe, perguntando:
– E agora, chefe? O que fazemos?
Ao que o Arnaldo respondeu: – Se estivesse aqui o meu pai, e lhe fizessem essa pergunta, o quê que acham que ele respondia?
E mais uma vez a equipa disse exatamente o que deveriam fazer.
O Arnaldo repetiu de forma sistemática o que eles tinham dito, mas com muita convicção. E eles fizeram exatamente o que tinham dito.
Esta situação aconteceu mais uma vez quando foi necessário retirarem as redes do mar.
O Arnaldo atuou exatamente do mesmo modo.
Quando regressaram ao porto, a mãe do Arnaldo, tal como as esposas dos pescadores, aguardava-os ansiosa.
Quando saíram do barco, os pescadores felizes, disseram:
– Nós gostávamos muito do nosso falecido patrão. Mas o filho, ainda é melhor que ele!
“Os sentimentos elevados vencem sempre no final; os líderes que oferecem sangue, trabalho, lágrimas e suor conseguem sempre mais dos seus seguidores do que aqueles que oferecem segurança e diversão. Quando se chega a vias de fato, os seres humanos são heroicos.” – George Orwell