Acidentes de Trabalho – Episódio 3

Zé Manuel Silva trabalhava numa pequena empresa de produção de guardas, e corrimãos de madeira. Pequena em tamanho, mas que já tinha uma quantidade apreciável de trabalhadores.

“Em outros tempos, chegávamos a fazer fila para a casa de banho” – costumava Zé Manuel contar aos amigos próximos, nos dias de jogo do Penacovense.

Só que, com a invenção do alumínio, da utilização do inox, e das “modernices” que se apresentavam agora na construção, a empresa estava a produzir muito menos.

Os trabalhadores mais novos só tinham 2 contratos de 6 meses, e depois iam embora. Dos mais antigos só sobravam o Zé, o Jonas e o Marito. Todos com mais de 30 anos de casa.

Zé Manuel sempre tinha produzido as mesmas peças. Tinha um torno manual, onde colocava uma peça de madeira, e com toda a sua habilidade manual, torneava a peça até ficar “com a forma de garrafa de “coca-cola”” – como costumava explicar às pessoas. Sempre fez as peças que ligavam o chão ao corrimão.

As suas mãos apresentavam inúmeros cortes, e o seu dedo polegar tinha menos 1 cm, fruto de um acidente de trabalho.

“Ossos do ofício! Também não preciso de boleia. Tenho carro!” – costumava gracejar.

Zé Manuel trabalhava no mês de agosto na fábrica, e o chefe de serviço tinha tirado 15 dias de férias em Pipa. Tinha-lhe destinado um serviço para esses 15 dias:

– Zé! Temos uma encomenda grande para setembro. Quero 200 peças dessas prontas. Tens ali a máquina que veio da Suécia. Estão lá as instruções. É um torno como o teu, mas melhor. Aquilo é muito mais rápido!” – disse antes de partir para o aeroporto.

Era dia 12, e o Zé, só tinha produzido 40 peças. Ao ver que no antigo torno não dava “conta do recado”, decidiu finalmente desembalar a máquina nova. Era um torno mecânico de última geração. O Ferrari dos tornos!

As instruções estavam em Inglês, Francês e Espanhol.

“Hablo um pouquito” – pensou. Deu uma olhada, viu as imagens, mas como estavam 160 peças por fazer ligou a máquina e pôs-se ao trabalho.

“Não sei para que são aquelas peças de plástico que estão ali naquele saco, mas depois eu vejo isso!” – pensou.

A máquina era de facto muito mais eficiente. Zé fez 10 peças durante todo o dia. “Vou bater o meu record hoje!” – disse para o Marito, que já estava de saída.” Vou só fazer mais uma!”

Ao se despedir do Mário, colocou a última peça a sua mão deslizou e rapidamente ficou presa na máquina.

 Manual de Instruções em Português (DL n.º 103/2008, de 24 de junho)

Manual de instruções. — Cada máquina deve ser acompanhada de um manual de instruções em português e ou na ou nas línguas comunitárias oficiais do Estado membro em que a máquina for colocada no mercado e ou entrar em serviço. O manual de instruções que acompanha a máquina deve ser um «manual original» ou uma «tradução do manual original»; neste caso, a tradução será obrigatoriamente acompanhada de um «manual original». A título de exceção, o manual de manutenção destinado a ser utilizado por pessoal especializado que depende do fabricante ou do seu mandatário pode ser fornecido numa única língua comunitária que seja compreendida pelo referido pessoal.

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